sexta-feira, 18 de julho de 2008

Por que os judeus não acreditam em Jesus?

Por Rabino Shraga Simmons*


Por séculos os judeus foram perseguidos por sua fé e prática religiosa. Muitos tentaram impor suas idéias e aniquilar o judaísmo. Nem as cruzadas, nem a inquisição implacável, nem os pogroms conseguiram manipular nossas almas cumprindo seu intento.

O judaísmo mantém sua chama sempre viva.

A história comprova: os judeus continuam rejeitando o Cristianismo. Por quê?

Porque somos simplesmente judeus, nascemos e vivemos o judaísmo e temos nossas próprias convicções.

Mas quando judeus são seguidamente questionados sobre esta questão e não-judeus frequentemente perguntam: “Por que os judeus não acreditam em Jesus?” Preparamos alguns argumentos com o objetivo, não de depreciar outras religiões, pois respeitamos a todos e por esta razão não fazemos proselitismo, mas sim apenas para esclarecer a posição judaica.


1. Jesus não preencheu as profecias messiânicas

O que o Messias deveria atingir? A Torá diz que ele:

a - Construirá o terceiro Templo Sagrado (Yechezkel 37:26-2)

b - Levará todos os judeus de volta à Terra de Israel (Yeshayáhu 43:5-6).

c - Introduzirá uma era de paz mundial, e terminará com o ódio, opressão, sofrimento e doenças. Como está escrito: “Nação não erguerá a espada contra nação, nem o homem aprenderá a guerra.” (Yeshayáhu 2:4).

d - Divulgará o conhecimento universal sobre o D’us de Israel - unificando toda a raça humana como uma só. Como está escrito: “D’us reinará sobre todo o mundo - naquele dia, D’us será Um e seu nome será Um” (Zecharyá 14:9).

O fato histórico é que Jesus não preencheu nenhuma destas profecias messiânicas.


2. O cristianismo contradiz a teologia judaíca

a - D’us em três?

A idéia cristã da trindade quebra D’us em três seres separados: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mateus 28:19).

Compare isto com o Shemá, a base da crença judaica: “Ouve, ó Israel, o Eterno nosso D’us, o Senhor é UM” (Devarim 6:4). Os judeus declaram a unicidade de D’us todos os dias, escrevendo-a sobre os batentes das portas (Mezuzá), e atando-a à mão e cabeça (Tefilin). Esta declaração da unicidade de D’us são as primeiras palavras que uma criança judia aprende a falar, e as últimas palavras pronunciadas antes de morrer.

Na Lei Judaica, adorar um deus em três partes é considerado idolatria - um dos três pecados cardeais, que o judeu prefere desistir da vida a transgredir. Isto explica porque durante as Inquisições e através da História, os judeus desistiram da vida para não se converterem.


b - Um homem como deus?

Os cristãos acreditam que D’us veio à terra em forma humana, como disse Jesus: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30).

Maimônides devota a maior parte do “Guia para os perplexos” a idéia fundamental que D’us é incorpóreo, significando que Ele não assume forma física. D’us é eterno, acima do tempo. É infinito, além do espaço. Não pode nascer, e não pode morrer. Dizer que D’us assume forma humana torna D’us pequeno, diminuindo tanto Sua Unidade como Sua Divindade. Como diz a Torá: “D’us não é um mortal” (Bamidbar 23:19).

O Judaísmo diz que Messias nascerá de pais humanos, com atributos físicos normais, como qualquer outra pessoa. Não será um semi-deus, e não possuirá qualidades sobrenaturais. De fato, em cada geração vive um indivíduo com a capacidade de tornar-se o Messias. (veja Maimônides - Leis dos Reis 11:3).


c - Um intermediário para a oração?

É uma idéia básica na crença cristã que a prece deve ser dirigida através de um intermediário - i.e., confessando-se os pecados a um padre. O próprio Jesus é um intermediário, pois disse: “Nenhum homem chega ao Pai a não ser através de mim.”

No Judaísmo, a prece é assunto totalmente particular, entre cada pessoa e D’us. A Torá diz: “D’us está perto de todos que clamam por Ele” (Tehilim 145:18). Além disso, os Dez Mandamentos declaram: “Não terá outros deuses DIANTE DE MIM,” significando que é proibido colocar um mediador entre D’us e o homem. (veja Maimônides - Leis da Idolatria cap. 1).


d - Envolvimento no mundo físico

O Cristianismo freqüentemente trata o mundo físico como um mal a ser evitado. Maria, a mais sagrada mulher cristã, é retratada como uma virgem. Padres e freiras são celibatários. E os mosteiros estão em locais remotos e segregados.

Em contraste, o Judaísmo acredita que D’us criou o mundo físico não para nos frustrar, mas para nosso prazer. A espiritualidade judaica vem através do envolvimento no mundo físico de maneira tal que ascenda e eleve. O sexo no contexto apropriado é um dos atos mais sagrados que podemos realizar.

O Talmud diz que se uma pessoa tem a oportunidade de saborear uma nova fruta e recusa-se a fazê-lo, terá de prestar contas por isso no Mundo Vindouro. As escolas rabínicas ensinam como viver entre o alvoroço da atividade comercial. Os judeus não se afastam da vida, elevam-na.


3. Jesus não personifica as qualificações pessoais do Messias.


a - Messias como profeta

Jesus não foi um profeta. A profecia apenas pode existir em Israel quando a terra for habitada por uma maioridade de judeus. Durante o tempo de Ezra (cerca de 300 AEC), a maioria dos judeus recusou-se a mudar da Babilônia para Israel, e assim a profecia terminou com a morte dos três últimos profetas - Chagai, Zecharyá e Malachi.

Jesus apareceu em cena aproximadamente 350 anos após a profecia ter terminado.


b - Descendente de David

O Messias deve ser descendente do Rei David pelo lado paterno (veja Bereshit 49:10 e Yeshayáhu 11:1). Segundo a reivindicação cristã que Jesus era filho de uma virgem, não tinha pai - e dessa maneira não poderia ter cumprido o requerimento messiânico de ser descendente do Rei David pelo lado paterno!


c - Observância da Torá

O Messias levará o povo judeu à completa observância da Torá. A Torá declara que todas as mitsvot permanecem para sempre, e quem quer que altere a Torá é imediatamente identificado como um falso profeta. (Devarim 13:1-4).

No decorrer de todo o Novo Testamento, Jesus contradiz a Torá e declara que seus mandamentos não se aplicam mais. (veja João 1:45 e 9:16, Atos 3:22 e 7:37).


4. Versículos bíblicos “referindo-se” a Jesus são tradições incorretas

Os versículos bíblicos apenas podem ser entendidos estudando-se o texto original em hebraico - que revela muitas discrepâncias na tradução cristã.


a - Nascimento virgem

A idéia cristã de um nascimento virgem é extraído de um versículo em Yeshayáhu descrevendo uma “alma” que dá à luz. A palavra “alma” sempre significou uma mulher jovem, mas os teólogos cristãos séculos mais tarde traduziram-na como “virgem”. Isto relaciona o nascimento de Jesus com a idéia pagã do primeiro século, de mortais sendo impregnados por deuses.


b - Crucifixão

O versículo em Tehilim 22:17 afirma: “Como um leão, eles estão em minhas mãos e pés.” A palavra hebraica ka’ari (como um leão) é gramaticalmente semelhante à palavra “ferir muito”. Dessa maneira o Cristianismo lê o versículo como uma referência à crucifixão: “Eles furaram minhas mãos e pés.”


c - Servo sofredor

Os cristãos afirmam que Yeshayáhu (Isaías) 53 refere-se a Jesus. Na verdade, Yeshayáhu 53 segue diretamente o tema do capítulo 52, descrevendo o exílio e a redenção do povo judeu. As profecias são escritas na forma singular porque os judeus (Israel) são considerados como sendo uma unidade. A Torá está repleta de exemplos de referências à nação judaica com um pronome singular.

Ironicamente, as profecias de perseguição de Yeshayáhu referem-se em parte ao século 11, quando os judeus foram torturados e mortos pelas Cruzadas, que agiram em nome de Jesus.

De onde provêm estas traduções erradas? S. Gregório, Bispo de Nanianzus no século IV, escreveu: “Um certo jargão é necessário para se impor ao povo. Quantos menos compreenderem, mais admirarão.”


5. A crença judaica é baseada na revelação nacional

Das 15.000 religiões na História Humana, apenas o Judaísmo baseia sua crença na revelação nacional - i.e., D’us falando a toda a nação. Se D’us está para iniciar uma religião, faz sentido que Ele falará a todos, não apenas a uma pessoa.

O Judaísmo, é a única entre todas as grandes religiões do mundo que não confia em “reivindicações de milagres” como base para estabelecer uma religião. De fato, a Torá afirma que D’us às vezes concede o poder de “milagres” a charlatães, para testar a lealdade judaica à Torá (Devarim 13:4).

Maimônides declara (Fundações da Torá, cap. 8):

“Os Judeus não creram em Moshê (Moisés), nosso mestre, por causa dos milagres que realizou. Sempre que a crença de alguém baseia-se na contemplação de milagres, tem dúvidas remanescentes, porque é possível que os milagres tenham sido realizados através de mágica ou feitiçaria. Todos os milagres realizados por Moshê no deserto aconteceram porque eram necessários, e não como prova de sua profecia.

“Qual era então a base da crença judaica? A revelação no Monte Sinai, que vimos com nossos próprios olhos e ouvimos com nossos ouvidos, não dependendo do testemunho de outros… como está escrito: ‘Face a face, D’us falou com vocês…’ A Torá também declara: ‘D’us não fez esta aliança com nossos pais, mas conosco - que hoje estamos todos aqui, vivos.’ (Devarim 5:3).”

O Judaísmo não são os milagres. É o testemunho da experiência pessoal de todo homem, mulher e criança.


*Rabino Shraga Simmons passou sua infância em Buffalo, Nova York. Trabalhou nos campos do jornalismo e relações públicas, e recebeu sua ordenação rabínica do Rabino Chefe de Jerusalém. Ele é o editor do site Aish.com, e vive com sua esposa e filhos na região de Modi’in, em Israel . É especialista em judaísmo ortodoxo.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Conversão Fraudulenta de Pastor Messiânico

Muita gente já ouviu falar do pastor messiânico Davi André Farias de Meneses, líder da Associação Amigos da Torá em Campina Grande, Paraíba.
Pois fiquei sabendo por diversas fontes que este cidadão foi aos Estados Unidos onde participou de uma conversão relâmpago, onde supostamente enganou rabinos se passando por um "prosélito verdadeiro", embora nunca tenha abandonado suas crenças cristãs no Novo Testamento e seus mitos.
O Pr. Davi Meneses, desde que botou fachada de sinagoga em sua igreja, defendia abertamente o "judaísmo messiânico", que é um movimento cristão que adota práticas e símbolos judaicos afim de enganar marranos e judeus incautos para que reconheçam "jesus/yeshu" como messias. Mas o golpe passou a ser muito manjado, as pessoas esclarecidas já sabem que "judaísmo messiânico" não existe. Então sua congregação, que era conhecida como "comunidade judaico messiânica Beit Teshuvá", de uma hora pra outra retirou ardilosamente o termo 'messiânico', para dar uma falsa aparência de judaísmo e continuar enganando. Da mesma forma o seu site e programa de rádio, onde se difundia o "judaísmo messiânico", foram retirados do ar.
Ele agora se define como 'ex-messiânico' mas sua congregação só mudou de nome, pois continua messigélica do mesmo jeito, rezando em nome de "Yeshu HaMashixe" e tudo mais.
O fato é que o Pr. André Davi Meneses, que agora se intitula "Davi ben Avraham", procedeu uma conversão fraudulenta. Mentiu, ou no mínimo omitiu dos rabinos suas verdadeiras intenções, assim como sua crença em Yeshu e acabou comprando certificados de conversão para si e para outros, seis ao todo, 'contemplando' pessoas que sequer estiveram presentes ao suposto beit din. Eu tenho testemunhas que afirmam que ele tentou revender estes papeis para membros de sua congregação. Não sei se o tal beit din que procedeu sua conversão é falso ou o seu rabino é completamente ingênuo, pois rabinos de verdade não vendem documentos de conversão, muito menos no 'atacado' como foi feito. Só sei, através de testemunhas, que o esquema rolou dinheiro, só não sei quem embolsou a grana!
Tudo indica que esta conversão foi inspirada e orientada por outros messiânicos, seguidores da associação missionária norte-americana "Jews for Jesus" que procederam da mesma forma. A ideia deles é formar uma massa crítica de 'judeus' crentes em Jesus para forçar a comunidade judaica a reconhecê-los como um autêntico ramo do judaísmo.
Fica aqui registrado a denúncia na esperança que as autoridades judaicas tomem conhecimento desses fatos e as devidas providências.
Acrescento que não conheço o Pr. André Davi Meneses e não tenho nada pessoal contra ele, a não ser por sua obsessão em querer usurpar o judaísmo, sendo ele um cristão messiânico, pastor evangélico, pois 'judaísmo messiânico' definitivamente não existe!
Joaquim Neto
Campina Grande - PB

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Liberdade após 500 anos de escravidão

Não se trata da libertação da escravatura dos negros no Brasil. Essa já aconteceu a mais de 100 anos. Falo da escravidão religiosa, quando os judeus da Espanha e Portugal tiveram sua liberdade cassada, sua religião proibida e foram forçados a se converter ao cristianismo. A escravidão ideológica a que fomos submetidos.
A cerca de 500 anos, D. Manuel I, rei de Portugal, pressionado pela Espanha concorda em expulsar os judeus da Península Ibérica. Mas os judeus detinham parte importante do poder econômico, e expulsa-los causaria uma crise sem precedentes. Por isso o rei proíbe os judeus de sair e obriga-os a converter-se ao cristianismo com um decreto outorgado em 31 de Março de 1496. Só que muitos continuaram a praticar o judaísmo secretamente, estes foram os criptojudeus.
Até que em 6 de Julho de 1547 o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição se instala oficialmente em Portugal.
Já havia a prática de deportar criminosos para o Brasil, e com a introdução da Inquisição, os judeus passaram a ser tratados da mesma forma. Grande parte dos judeus condenados pela Inquisição veio para o Nordeste do Brasil, principalmente nos séculos XVII e XVIII.
Isolados no semi-árido nordestino, enfrentando a fome e a seca, muitos em condição de vida miserável, assim nossos antepassados perderam sua identidade religiosa. As práticas e os costumes judaicos foram sufocados ao longo do tempo e nos tornamos escravos do cristianismo. Restou-nos uma tênue lembrança, a única coisa que nossos avós conseguiram guardar e nos passar como herança: A informação que somos descendentes de judeus, filhos de Israel.
O Brasil Império torna-se uma República quase ao mesmo tempo em que os judeus da Europa fundam o movimento sionista político. No dia 29 de agosto de 1897 é realizado o primeiro congresso sionista desde a diáspora. Fugindo do anti-semitismo, judeus europeus se refugiam no Brasil e fundam a Congregação Israelita Paulista (CIP), em 1936. Em Maio de 1948 é estabelecido o moderno estado de Israel. Mas tudo isso era uma realidade muito distante de nós, que ficamos aqui, ainda esquecidos sob a escuridão da idolatria e das mentiras do cristianismo.
Enfim o Brasil se torna um país democrático, com a liberdade religiosa garantida pela constituição. Mas por falta de informação continuamos escravos da fé cristã. Nossas Bíblias não passavam de uma versão adulterada e mal traduzida da Tanach, atarraxada ao infame Novo Testamento.
Mas a luz da Torah finalmente chegou até nós em forma de bits e bytes, informação digital circulando via internet. Centenas de sites judaicos foram criados em vários idiomas onde os sábios rabinos publicam seus artigos, pensamentos e ensinamentos da Torah. A internet não reconhece fronteiras; mas seus caminhos ocultam perigosas armadilhas. Falsos judeus, sob a alcunha de "judeus messiânicos" pregam abertamente antigas mentiras do cristianismo. Mas basta dar ouvidos aos verdadeiros judeus que toda mentira é dissipada. Basta ter coragem sair da escuridão e vir para luz da verdade, a verdade da Torah. Mas não dá pra ser judeu apenas de internet. Precisamos experimentar na prática e viver intensamente tudo que foi roubado de nossos antepassados nesses 500 anos de trevas. A boa notícia é que o Shavei Israel chegou até nós para nos resgatar. Já temos um rabino aqui, nesse nordeste outrora esquecido. Com isso as portas estão abertas e possibilidades são infinitas. Já não somos mais escravos!
A noite foi longa, mas eis que o sol brilha no horizonte!