segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Tudo sobre o Messias

Tudo sobre o Messias
Rabino Aryeh Kaplan


Descendente do Rei David, ele profetizará uma era de paz mundial.

O Messias será um ser humano normal, nascido de pais humanos. Conseqüentemente, é possível que até já tenha nascido.

Semelhantemente, o Messias será mortal. Finalmente, morrerá e deixará seu reino como herança para seu filho ou sucessor.

A tradição menciona que este será um descendente direto do Rei David, filho de Jesse, como está escrito, "Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes um renovo." (Isaías 11:1). Da mesma forma, em nossas orações, pedimos, "que o filho de David floresça," e "que a memória de Mashiach Ben David surja... perante você." Existem inúmeras famílias judias hoje que podem traçar sua descendência diretamente ao Rei David.

O Messias será o maior líder e gênio político que o mundo já viu. E, igualmente será o homem mais sábio que já existiu. Usará seus talentos extraordinários para precipitar uma revolução mundial que trará a justiça social perfeita para a humanidade, e influenciará todas as pessoas a servirem a D'us com coração puro.

O Messias também alcançara a profecia e se tornará o maior profeta da história, segundo somente para Moisés.

Qualidades especiais
O profeta Isaías descreveu seis qualidades com as quais o Messias será santificado: "o espírito do D'us descansará nele, (1) o espírito de sabedoria e (2) compreensão, (3) o espírito do aconselhamento e (4) grandeza, (5) o espírito do conhecimento e (6) o temor a D'us" (Isaías 11:2). Em todas estas qualidades, o Messias superará qualquer outro ser humano.

O Messias não se deixará iludir pela falsidade e hipocrisia deste mundo. Terá o poder para entender o espírito da pessoa, conhecendo assim, seu registro espiritual completo podendo então julgar se é culpado ou não. Com relação a este poder, está escrito, "Deleitará-se pelo temor a D'us; não julgará pelo que seus olhos vêem, ou repreenderá pelo que seus ouvidos ouvem" (Isaías 11:3). Este é um sinal pelo qual o Messias será reconhecido. Porém, similarmente como o presente da profecia, este poder se desenvolverá gradualmente.

O Messias usará este poder para determinar em qual tribo cada judeu pertence. Então, dividirá a Terra de Israel em heranças terrestres onde cada tribo receberá sua parte. Começará com a tribo de Levi, determinando a legitimidade de cada Cohen e Levi. Com relação a isso o profeta escreve, "Ele purificará as crianças de Levi, e refinará-las como ouro e prata, para se tornarem portadoras de uma oferenda para D'us com honradez" (Malachi 3:3).

Metas e Missão
A missão do Messias tem seis partes. Sua tarefa principal é fazer com que todo o mundo retorne para D'us e Seus ensinamentos.

Ele também restabelecerá a dinastia real para os descendentes de David.

Ele supervisionará a reconstrução de Jerusalém, inclusive o Terceiro Templo.

Ele juntará o povo judeu na Terra de Israel.

Ele restabelecerá o Sanhedrin, o supremo tribunal religioso e as leis do povo judeu. Esta é uma condição necessária para a reconstrução do Terceiro Templo, como está escrito, "restituirei os teus juízes, como eram antigamente, os teus conselheiros, como no princípio; depois te chamarão cidade de justiça, cidade fiel. Sião será redimida pelo direito, e os que se arrependem, pela justiça "(Isaías 1:26-27). Este Sanhedrin também poderá reconhecer formalmente o Messias como rei de Israel.

Ele restabelecerá o sistema sacrifícios, como também as práticas do Ano Sabático (Shmitá) e o Ano Jubileu (Iovel).

Portanto, como Maimonides declara, "Se surgir um governador da família de David, submerso em Torá e em seus Mandamentos como David e seu antepassado, que siga tanto a Torá Escrita como a Oral, que conduza Israel de volta a Torá, fortalecendo a observância de suas leis e lutando em batalhas por D'us, então podemos assumir que ele é o Messias. E se for bem sucedido na reconstrução do Templo em seu local original e juntar o povo dispersado de Israel, sua identidade como Messias passa a ser uma certeza."

Influência mundial
Assim como os poderes do Messias se desenvolverão, sua fama também o fará. O mundo começará a reconhecer sua profunda sabedoria e virá buscar seu conselho. Portanto, ensinará toda a humanidade a viver em paz e seguir os ensinamentos de D'us. Os profetas, deste modo, prenunciam, "Nos últimos dias acontecerá que o monte da casa do Eterno será estabelecido no cume dos montes, e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações, e dirão: Vinde e subamos ao monte do Eterno, e à casa de D'us de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e as palavras do Eterno de Jerusalém. Ele (o Messias) julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estes converterão as suas espadas em relhas de arados, e suas lanças em podadeiras: uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra." (Isaías 2:2-4, Miquéias 4:1-3)

Na Era Messiânica muitas pessoas não-judias se sentirão compelidas a se converter ao Judaísmo como o profeta prenuncia, "Darei a todas as pessoas uma língua pura, para que possam chamar o nome de D'us, e todos possam servi-Lo de uma só forma" (Zacarias 3:9). Uma vez que o Messias se revele, todavia, convertidos não serão aceitos.

Ainda, Jerusalém se tornará o centro de adoração e instrução para toda humanidade. Deste modo D'us disse a Seu profeta, "Voltarei para Sião, e habitarei no meio de Jerusalém; Jerusalém se chamará cidade fiel; e o monte do Eterno, monte santo " (Zacarias 8:3).

Então começará o período em que os ensinamentos de D'us serão supremos sobre toda humanidade, como está escrito, "O Eterno reinará no monte Sião e em Jerusalém; perante os seus anciãos (ele revelará sua) glória " (Isaías 24:23). Todas as pessoas virão para Jerusalém buscando D'us. O profeta Zacarias descreve este fato graficamente quando diz, "Virão muitos povos, e poderosas nações buscar em Jerusalém o Eterno e suplicar a Seu favor...naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu, e lhe dirão: Iremos convosco, porque temos ouvido que D'us está convosco." (Zacarias 8:22-23).

Em Jerusalém, o povo judeu será estabelecido como professores espirituais e morais de toda humanidade. Naquele tempo, Jerusalém se tornará a capital espiritual do mundo.

Na Era Messiânica, todas as pessoas acreditarão em D'us e proclamarão Sua Unidade. Desta forma, diz o profeta, "O Eterno será rei sobre toda terra; naquele dia um só será o Eterno, e um só será seu nome."(Zacarias 14:9).

Paz e Harmonia
Na Era Messiânica, inveja e competições pararão de existir, e no lugar delas haverá abundância de coisas boas e todos os tipos de gentilezas serão tão normais quanto a poeira. Os homens não travarão ou se prepararão para guerra, como o profeta prenuncia, ". Uma Nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra." (Isaías 2:4).

Na Era Messiânica, todas as nações viverão pacificamente juntas. Semelhantemente, pessoas de todas os níveis viverão juntas em harmonia. O profeta comenta este fato alegoricamente quando diz, "O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi." (Isaías 11:6-7).

Embora o Messias influencie e ensine toda humanidade, sua missão principal será trazer o povo judeu a D'us. Deste modo, o profeta diz, "Porque os filhos de Israel ficarão por muitos dias sem rei, sem príncipe, sem sacrifício, sem coluna, sem estola sacerdotal ou ídolos do lar. Depois tornarão os filhos de Israel e buscarão ao Eterno seu D'us, e a Davi, seu rei; e nos últimos dias, tremendo se aproximarão do Eterno e de sua bondade" (Oséias 3:4-5). Igualmente lemos, "O meu servo Davi reinará sobre eles; todos eles terão um só pastor, andarão nos meus juízos, guardarão os meus estatutos e os observarão." (Ezequiel 37:24).

Ao passo que a sociedade avança em direção a perfeição e o mundo se torna cada vez mais religioso, a principal ocupação da humanidade será conhecer a D'us. A verdade será revelada e o mundo inteiro reconhecerá que a Torá é o verdadeiro ensinamento de D'us. É o que o profeta quer dizer quando escreve, "...a terra se encherá de conhecimento do Eterno, como as águas cobrem o mar" (Isaías 11:9). Da mesma forma, toda a humanidade atingirá os níveis mais altos de Inspiração Divina sem qualquer dificuldade.

Embora o homem ainda tenha o livre arbítrio na Idade Messiânica, ele terá todo o incentivo para fazer o bem e seguir os ensinamentos de D'us. Será como se o poder do mal estivesse totalmente aniquilado. É o que o profeta prenuncia, "porque está é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Eterno. Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei. ..não ensinará jamais cada um ao seu irmão dizendo: conheça D'us, porque todos Me conhecerão, desde o menor até o maior deles" (Jeremias 31:33-34).

O profeta também diz em nome de D'us, "Darei vos um coração novo, e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne" (Ezequiel 36:26), ou seja, a inclinação em direção ao bem estará tão fortalecida no homem que este não seguirá suas tentações físicas. Pelo contrário, irá constantemente se fortalecer espiritualmente e andará em direção a servir a D'us e seguir Sua Torá. Este é o significado da promessa da Torá: "E abrirá o Eterno, teu D'us, teu coração e o coração de tua descendência, para amares ao Eterno, teu D'us, com todo o coração e com toda tua alma, para que vivas" (Deuteronômio. 30:6).

Prática religiosa
O Messias não mudará nossa religião de forma alguma. Todos os mandamentos vão estar ligados à Era Messiânica. Nada será adicionado ou extraído da Torá.

Há uma opinião que diz que os únicos livros da Bíblia que serão regularmente estudados na Era Messiânica são os Cinco Livros de Moisés (o Pentateuco) e o Livro de Ester (Meguilat Ester). A razão para isto é que todos os outros ensinamentos dos profetas são derivados da Torá, e já que o Messias revelará todos os significados da Torá à perfeição, a escrita profética não será mais necessária.

O sistema de sacrifícios será restabelecido na Era Messiânica. Porém, só será aceito o sacrifício de ação de graças, pois já que o coração do homem será circuncidado o desejo de pecar não mais existirá e os sacrifícios que serviam para se reconciliar e reparar o erro não serão necessários. Conseqüentemente as únicas rezas que existirão serão as de ação de graças.

Nossos profetas e sábios não anseiam pela Era Messiânica para que possam mandar no mundo e dominar a humanidade. Também não desejam que as nações os honre, ou que possam ser capazes de comer, beber e serem felizes. Só desejam uma coisa: estarem livres para poderem se envolver com a Torá e sua sabedoria. Não querem que nada os atrapalhe ou distraia, pois, desta forma podem se empenhar para serem merecedores da vida no Mundo Vindouro.

Do livro: "The Handbook of Jewish Thought" (Vol. 2). Publicado pela Maznaim. Reimpresso com permissão.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Uma Letra da Torá

O objeto mais sagrado no judaísmo é o Sefer Torá, o pergaminho da Lei. Escrito hoje exatamente como há milhares de anos, a mão, com uma pena, sobre pergaminho, simboliza algumas das nossas crenças mais profundas: a de que D-us é encontrado nas palavras, que estas palavras estão na Torá, e que elas constituem a base do pacto – o vínculo de amor – entre D-us e o povo judeu.

Eu me pergunto se algum povo jamais amou um livro tanto quanto nós amamos a Torá. Nos levantamos quando ela passa, como se fosse uma rainha. Dançamos com ela como se dança com uma noiva. Se danificada ou destruída, nós a sepultamos, da mesma forma que sepultamos um amigo ou parente. Nós a estudamos ininterruptamente, como se ela encerrasse todos os segredos da nossa existência. Heinrich Heine certa vez chamou a Torá de “a terra ancestral portátil”, querendo dizer que quando não tínhamos nossa terra, encontramos um lar nas palavras da Torá. Ainda mais eloqüente, o Baal Shem Tov, fundador do Chassidismo no século XVIII, disse que o povo judeu é um Sefer Torá vivo, e que cada judeu é uma de suas letras. Esta imagem me emociona, e me leva a uma pergunta – a pergunta: Será que nós também somos letras no pergaminho sagrado do nosso povo?

Em alguma etapa da vida, precisamos decidir como vamos viver. Temos muitas opções, e geração alguma conheceu tantas delas. Podemos viver para o trabalho, para o sucesso, a riqueza, a fama ou o poder. À nossa escolha, está toda uma série de estilos de vida e tipos de relacionamentos.

Podemos explorar um imenso número de crenças, vertentes místicas e terapias. Há uma única limitação: Nós temos apenas uma vida, e ele é curta. Como vivemos e em nome do quê vivemos são as decisões mais determinantes que temos a tomar. Podemos ver a vida como uma sucessão de momentos que gastamos, como moedas, em troca de uma infinidade de prazeres. Ou, então, podemos vê-la como a uma letra do alfabeto. Sozinha, uma letra não tem significado. Mas, combinada a outras letras, forma uma palavra que, ao lado de outras, forma uma sentença. Unidas, as sentenças se tornam parágrafos, e parágrafos em seqüência contam uma história. Assim o Baal Shem Tov entendeu a vida. Cada judeu é uma letra. Cada família é uma palavra; cada comunidade, uma sentença, e o povo judeu é um parágrafo. Sua saga através dos séculos constitui uma história, a mais estranha e comovente entre todas as que compõem a grande História da humanidade.

A metáfora do Baal Shem Tov é, para mim, a chave que permite compreendermos por que nossos ancestrais decidiram continuar como judeus, mesmo nas épocas mais terríveis. Suspeito que eles soubessem ser, cada um, uma letra desta história de perigo e coragem. Seus próprios ancestrais arriscaram-se a selar um pacto com D-us, o que lhes conferiu um papel muito especial na história. Eles partiram para uma jornada que começou no passado distante e prossegue nos passos de cada nova geração. No coração do pacto vive o conceito de Emuná, a fé que se traduz em fidelidade e lealdade. Ao dar continuidade à sua história, os judeus provam ser tão leias às gerações passadas quanto àquelas que ainda não nasceram. Um Sefer Torá ao qual falta uma letra é declarado inválido, defeituoso. Acredito que a maioria dos judeus nunca tenha desejado ser esta letra ausente. O que mudou, então? Por que a voz da lealdade ao passado e ao futuro não é mais ouvida entre um número tão grande de jovens judeus? Penso que a resposta esteja em um dos grandes confrontos entre o judaísmo e o pensamento moderno.

O judaísmo é uma religião iconoclasta que muitas vezes desafiou as certezas de uma era, e é difícil recapturar o caráter dramático destes episódios depois de tantos séculos. Para nós, são mais do que evidentes as razões que levaram Abrahão a acreditar em um D-us único, que fizeram Moisés lutar contra a escravidão do seu povo, que motivaram os profetas a denunciar a corrupção na vida pública. Seus feitos são nossa herança. Vemos o mundo através de seus olhos, e é difícil entendermos como as pessoas puderam pensar de outra forma. A história é o passado relatado pelos vitoriosos, e os judeus conheceram muitas vitórias morais. Como Thomas Cahil aponta em seu livro "A Dádiva dos Judeus”, a civilização ocidental é em grande parte moldada por conceitos que foram articulados pela primeira vez por judeus.

Nossas vitórias, no entanto, nunca foram fáceis de alcançar. Ao contrário: sempre que ocorreram, implicaram o questionamento de verdades tidas como primárias em suas épocas. A visão espiritual dos heróis e heroínas da vida judaica foi, quando formulada pela primeira vez, uma concepção severa, estranha, contrária à própria intuição humana. Não por acaso, Moisés, Isaías e Jeremias reclamam da dificuldade que tiveram para transmitir ao povo a palavra de D-us. Querem dizer com isto que não lhes foi fácil encontrar os termos que puderam ser compreendidos por seus contemporâneos. E eles não foram os últimos a se queixar. O judaísmo é o eterno ponto de interrogação Divino face à sabedoria convencional da humanidade, e este tem sido o perfil da identidade judaica nos tempos modernos. Trata-se de uma identidade que se expressa através de uma certa linguagem, de uma determinada maneira de pensar e de ver o mundo que dificilmente encontra tradução fiel no universo dos conceitos hoje utilizados.

Desde o Renascimento, séculos de pensamento ocidental acabaram por nos fazer acreditar que, a partir do momento em que escolhemos como viver, estamos livres de vínculos. Nada nos prende ao passado. Somos quem e o quê decidimos ser. É uma ótica tão axiomática que não nos deixa enxergar a história intelectual que tem por trás de si. Identificamos, porém, alguns momentos chave desta história: quando David Hume, no século 18, afirmou que “ser” não poderia, em instância alguma, implicar “dever”, ou quando Kant colocou o conceito de autonomia no centro da vida moral, ou ainda quanto Jean-Paul Sartre, o existencialista do século 20, argumentou que, em cada um de nós, a “existência precede a essência”. Esta longa e cumulativa linha de pensamento nos levou a acreditar que identidade é algo que escolhemos, livres de qualquer vínculo com o passado. Fato algum define nossas obrigações, e a história não determina nosso papel. Chegamos ao mundo com uma tela em branco nas mãos, e sobre ela podemos traçar o auto-retrato que quisermos.

Frente a tal complexo de idéias, a vida judaica é uma perene voz dissonante. Ser judeu é saber que esta não pode ser toda a minha história. Uma melodia é mais do que uma simples reunião de notas musicais. Uma pintura não é um conjunto de pinceladas feitas ao acaso. A seqüência das partes que compõem um todo tem um porquê, e a história só faz sentido quando as vidas daqueles que a escrevem são ligadas umas às outras, como as dos personagens de uma narrativa, como as das figuras de um drama em andamento. De outra forma, seria impossível falar sobre significado – e o judaísmo é a insistência de que a história tem um significado. Daí, inferimos que cada um de nós tem um significado preciso dentro da história judaica, a extraordinária história de um povo devotado a certas idéias. Nós não somos átomos flutuando livremente no espaço. Nós somos letras da Torá.

Uma forma de tornar nítido o contraste é imaginar uma visita a uma enorme biblioteca. As estantes repletas vão do piso ao teto, de parede a parede. Estamos cercados por livros que expõem o pensamento de um grande número de pessoas (algumas delas ilustres; outras, nem tanto) e basta estendermos o braço para apanhar qualquer um deles. Tudo o que temos a fazer é escolher. Começamos a ler e, por um período, mergulhamos no mundo real ou fictício do autor. Se nos agradar o bastante, podemos procurar mais volumes escritos pela mesma pessoa, ou outras obras sobre o mesmo assunto. E nada nos impede de interromper a leitura e buscar novos títulos que chamem nossa atenção. Não existem limites. Quando perdemos o interesse, simplesmente colocamos o livro de volta na estante, onde ficará até atrair outro leitor. Não há compromisso. É apenas um livro.

Assim é a identidade para a cultura secular contemporânea do ocidente. Escolhemos este ou aquele livro por mera curiosidade momentânea. Há muitas maneiras de viver e nenhuma delas pede coisa alguma em troca, ou define quem somos com mais acuidade do que outra. Podemos experimentar qualquer uma pelo tempo que quisermos. Como leitores casuais, permanecemos intactos, intocados. Os vários estilos de vida que adotamos são como os livros que escolhemos aleatoriamente na grande biblioteca. Sempre podemos substituí-los, devolvê-los aos seus respectivos nichos. Eles são o que lemos, e não o que somos.

O judaísmo nos pede para considerar uma possibilidade totalmente diferente. Imagine que, ao perambular entre as estantes da biblioteca, você veja um livro que em nada se parece com os outros. Ele captura sua atenção porque o título é o nome de sua família. Intrigado, você passa a folheá-lo e nota, pelas distintas caligrafias, que as páginas foram escritas por várias pessoas em diversos idiomas. Então, começa a ler e, aos poucos, vai compreendendo o conteúdo. É a história de cada geração de seus ancestrais. Eles tiveram o cuidado de registrá-la para que a geração seguinte pudesse conhecê-la. Assim, todos aqueles nascidos no seio desta família podem saber de onde vieram seus antepassados, o que aconteceu com eles ao longo do tempo, em nome do quê viveram e porquê. Você continua a virar as páginas e vê que a última está em branco, com exceção do cabeçalho, Ele traz o seu nome.

De acordo com as convenções intelectuais da modernidade, o fato não deveria fazer diferença. Não há nada no passado que possa influenciar seu presente; não há história que possa determinar quem você é e tem a liberdade de ser. Mas esta não pode ser toda a verdade. Minha vida, por exemplo, mudaria por completo no instante em que eu o tivesse nas mãos. Meu nome, a vida dos meus ancestrais... Não, eu nunca poderia lê-lo como a outro livro qualquer, porque ele me levaria a descobrir quem sou. Tampouco poderia ignorá-lo, devolvê-lo à prateleira. Graças a ele, eu agora saberia ser parte de um antigo povo, um povo cuja jornada em direção a um certo destino ainda não terminou, e que cabe a mim levá-la adiante.

Este conhecimento impede que eu continue a encarar o mundo como uma biblioteca. É verdade, há uma série de outros livros à disposição, e alguns deles podem ser interessantes, inspiradores, envolventes. Mas este livro é diferente. Sua mera existência implica uma série de questões dirigidas exclusivamente a mim. Escreverei meu próprio capítulo? Ele será uma seqüência dos relatos daqueles que me antecederam? Será que, no momento propício, eu passarei o livro aos meus filhos? Ou terei me esquecido dele, ou então o doado para um museu como antigo objeto herdado?

Isto é mais do que um exercício de imaginação. O livro da nossa história existe, e cada judeu é uma vida – um capítulo – dele. É o livro onde está escrito quem sou eu, e talvez seja o que de mais valioso eu possa receber. Para sentir que fazemos parte de um todo, precisamos conhecer um pouco de nossa história pessoal. Precisamos saber quem nos concebeu, saber de onde vieram e qual é sua história. A necessidade torna-se mais aparente nos casos em que, por qualquer razão, a informação não se encontra disponível. Uma criança adotada quase sempre tem curiosidade a respeito de seus pais naturais, uma curiosidade que às vezes pode beirar a obsessão. O mesmo acontece com uma criança abandonada por um dos pais antes que tivessem a chance de estabelecer um relacionamento. Não saber quem sou pode me fragilizar e me fazer sentir menos do que inteiro. A questão da identidade é fundamental, e não pode ser respondida se eu não conhecer meu passado.

Nós somos, cada um de nós, muitas coisas – cidadãos de um país, habitantes de uma região, moradores de um bairro, integrantes de um grupo. Temos amizades, responsabilidades, paixões e preocupações que compõem nossa personalidade, mas não retratam o âmago de nossa identidade. Um exemplo: posso ser um advogado preocupado com o meio ambiente, um cidadão americano vivendo em Seattle que adora os filmes de Steven Spielberg e o humor de Woody Allen. Estes são fatos a meu respeito – o que faço, com o que me preocupo, onde moro, do que gosto. Eles não dizem quem sou eu. Podem mudar com o passar do tempo sem que eu deixe de existir. A resposta mais fundamental à pergunta que nunca muda, “Quem sou eu?”, envolve uma jornada que passa por meus pais, meus avós, e chega ao ponto mais distante possível na linha do tempo que abriga meus ancestrais. É minha também, a história dos que vieram antes de mim. Eu posso escolher não dar continuidade a ela, mas negá-la significa, de certa forma, viver uma mentira. Porque minha identidade começa com a história da minha família.

A questão moderna tem, quem diria, um eco bíblico. A primeira pergunta que Moisés fez a D-us foi “Mi anochi?” – “Quem sou eu?”. Humilde, ele deseja saber se tem mérito pessoal suficiente para levar os israelitas à liberdade. Mas ouve-se também o reverberar de uma crise de identidade, tão familiar nos dias de hoje quanto rara na época. Afinal, quem foi Moisés? Uma criança escondida em
uma cesta de junco, encontrada e adotada por uma princesa egípcia, que recebeu um nome egípcio e cresceu no palácio do faraó. Muitos anos depois, quando circunstâncias o obrigaram a sair do país e refugiar-se em Mídia, ele teve a oportunidade de salvar as filhas de Jetró, que disseram a seu pai: “Um egípcio nos trouxe até aqui”. Moisés tinha o aspecto, a linhagem e as vestimentas de um egípcio. Mas o texto nos conta que, quando homem feito, ele “foi aos seus irmãos e viu seu fardo”. De alguma maneira, sabia que os israelitas escravizados eram “seus irmãos”. Criado como um egípcio, Moisés era um judeu.

A mente dá voltas frente a uma escolha como a que lhe coube fazer. De um lado, estava a vida de regalias e poder como príncipe na corte do faraó; de outro, a perspectiva de anos de dificuldade e privação como membro de uma nação de escravos. Mas quando D-us lhe diz “Eu sou o D-us de teu pai, o D-us de Abrahão, o D-us de Isaac e o D-us de Jacob”, a crise de identidade de Moisés se resolve e nunca mais reaparece daquela forma. Agora, Moisés sabe que é parte de uma história que começou com os Patriarcas e continua através dele. Suas roupas e seu idioma podem ser de um egípcio, mas ele é um judeu porque judeus foram seus ancestrais, os que nele depositam suas esperanças. A questão hoje à nossa frente é pouco usual, mas não inédita: cada um de nós também tem que escolher, como Moisés. Fazemos parte do universo cultural característico das democracias liberais de nossos antepassados e do destino que une nossas vidas às deles. Há uma diferença entre onde estamos e o quê somos. O judaísmo não está errado ao vincular identidade e nascimento, ainda que esta ótica se oponha totalmente à essência da cultura pós-renascentista.

O fato de termos nascido judeus não é um fato qualquer. Ele só aconteceu porque mais de cem gerações de ancestrais decidiram ser e permanecer judeus, transmitindo esta identidade aos seus filhos, e escrevendo assim a mais notável história de continuidade de que se tem notícia. Nunca foi uma decisão tomada ao acaso. Ela tem suas raízes na convicção primeira dos nossos antepassados, a de que os judeus haviam firmado um pacto com D-us, um pacto que os levaria a uma jornada cujo destino se encontrava no futuro distante, mas que teria imensa importância para a humanidade. A jornada em si era o tema da próxima etapa da minha pesquisa, mas um fato ficou claro desde o princípio: ela não seria cumprida facilmente. Ao contrário de quase todas as outras visões da sociedade ideal, os judeus sabiam que a sua seria fruto do trabalho de muitas gerações. Por isto, tinham o dever de passar seus ideais às crianças – para que elas também pudessem tomar parte na jornada; ser letras da Torá. Ser um judeu, hoje como nos dias de Moisés, é ouvir o chamado daqueles que vieram antes de nós e saber que somos os guardiões de sua história.

Já no final da vida, o grande historiador não judeu A. L. Rowse publicou suas memórias e, em uma das últimas páginas do livro, escreveu um frase surpreendente: “Se há no mundo algum título que eu gostaria de ter, seria o de judeu honorário”. O sonho não realizado de Rowse é o direito inato dos judeus. Somos herdeiros do livro escrito por nossos ancestrais e uma das letras, apenas nós podemos escrever.

Eu sou judeu porque, conhecendo a história do meu povo, ouço seu chamado para escrever o próximo capítulo. Eu não vim do nada. Tenho um passado, e ele exerce sua autoridade sobre mim. Eu sou um judeu porque somente se eu permanecer judeu manterei viva a história de cem gerações. Sigo na jornada que iniciaram porque, tendo chegado tão longe, não permitirei que seja interrompida. Não serei eu a letra a faltar na Torá. Não posso oferecer uma resposta mais simples, e desconheço outra que seja mais poderosa.

(Resposta a pergunta "Por que ser Judeu?". Extraído do livro – Uma Letra da Torá da autoria do Rabino Jonathan Sacks Editora e Livraria Sefer Ltda – São Paulo - 2002.)

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O Messias Judeu

I. INTRODUÇÃO

O cristianismo está baseado na reivindicação de que o Jesus é o Messias prometido na Bíblia hebraica, o qual teria cumprido todas as profecias. Na realidade, há muitos sites cristãos missionários na Internet onde listam centenas de "profecias do Velho Testamento", utilizando o Novo Testamento como "evidência" do cumprimento das mesmas por Jesus.

Não é a preocupação espiritual do Judaísmo e da comunidade judaica em "converter cristão", porém, o cristianismo em si possui uma "vocação proselitista", sendo assim, querem a todo custo "converter" as pessoas e, infelizes situações acontecem quando missionários cristãos investem na evangelização ao povo judeu . Eles tentam convencer seu público judaico, principalmente aqueles que não possuem uma boa educação judaica, que sua crença em Jesus é uma confirmação bíblica e totalmente verdadeira, sendo que precisam aceitar o messias deles para que sejam "judeus completos" e "salvos".

A realidade da era messiânica, como descrito na Bíblia Hebraica, consiste de alguns itens significantes, os quais serão efetuados durante o reinado do Messias Judeu. Esse estudo focaliza aquilo que a Bíblia Hebraica ensina em relação às qualificações e expectativas do Messias prometido e também alertar os leitores judeus quanto ao proselitismo cristão.

II. Messias do judaísmo

Governará na era messiânica, como predito na Bíblia Hebraica, e presidirá sobre o povo de Israel como Rei, sentando no trono do Rei David. Executará e completará com sucesso as "tarefas messiânicas".

Abaixo serão listados alguns detalhes dos requisitos do Messias, conforme previstos nas Escrituras Judaicas.

Qualificações
As qualificações são os pré-requisitos que necessariamente deverá ter o Messias Judeu, não sendo limitado somente a estas, mas incluindo as seguintes:

A – Descendente do Rei David através de Salomão

O Messias será um descendente biológico do Rei David através de seu filho Salomão que foi sucessor ao trono, o qual construiu o Templo Sagrado em Jerusalém. (veja I Reis 8:15-20; I Cron 17:11-15, 22:9-10, 28:3-7):

B – Líder Espiritual e Político/Militar em Israel

O Messias terá um profundo conhecimento da Torah, será uma autoridade que influenciará todo Israel para seguir a Palavra de H-shem, num ambiente criado por sua liderança espiritual. Também derrotará e conquistará os inimigos de Israel. Com sendo mortal, um ser humano de carne e osso, habitante de um mundo cheio de exigências militares e alinhamentos políticos, terá que lidar com essas realidades e sairá vitorioso, sua liderança política será reconhecida em todo mundo.(veja Isaías 2:3, 11:2, Dan. 7:14)

C – Será casado e terá filhos

Embora não sejam declarados o casamento e os filhos como pré-requisitos para o Messias, há uma clara indicação de que o Príncipe que é o Rei Messias (veja em Ezeq. 34:23-24, 37:24), durante a era messiânica terá filhos (por matrimonio), onde receberão uma porção na herança. (Ezeq. 46:16-17)

Acontecimentos e Realizações

Alguns cumprimentos significativos deverão ocorrer antes, durante e no término da era messiânica, não sendo necessariamente limitado aos itens abaixo, porém devem incluí-los:

A – Vinda de Elias, o profeta.

O profeta Elias, aquele que foi levado numa carruagem de fogo (II Reis 2:11), procederá ao Messias e "preparará o caminho" para sua manifestação, anunciando o inicio da era messiânica, onde o mundo passará por algumas transformações. (Veja Malaquias 3:23[4:5])

B – Construção do Terceiro Templo em Jerusalém

A presença do terceiro Templo é talvez a descrição mais detalhada e vivida na era messiânica, como podemos ver na Bíblia Hebraica em Ezequiel 37:26-28 e posteriormente nos capítulos 40 a 48, onde o Profeta faz uma descrição detalhada do Terceiro Templo e dos rituais dentro do mesmo.

C – Agrupamento da Casa de Jacó dentre as nações para Israel.

O Messias congregará a Casa de Jacó, removendo o Exílio e os trará para a Terra prometida de Israel em preparação para a restauração do cisma que ocorreu depois do reinado de Salomão. (veja Isaias 11:12, 43:5-6; Jer. 16:15, 23:3, 33:7; Ezeq. 37:21-22; Zac. 10:6-10).

D – Reunificação de Judá e Israel num só povo.

Outra realização que ocorrerá com a presença do Messias será o retorno de Judá e de Israel, fazendo deles um só povo; uma única nação, como nos tempos do Rei David. (Ezeq. 37:22).

E – Paz Mundial

O Messias será reconhecido como justo juiz e pacificador, e na era messiânica, serão resolvidas as disputas entre os paises através de métodos pacíficos e não por guerra. (Isaías 2:4).

F – Conhecimento Universal de D-us

Haverá um conhecimento de D-us, de Seu poder, de Seus atributos em toda terra, como as águas cobrem o mar, cessando a destruição e a violência. (Isaias 11: 9; Jer. 31:34)

G – Ressurreição dos Mortos

Analisemos três classificações de mundo:

a - Nossa realidade atual (Olam Hazê).

b - A Era de Mashiach (Yemot Hamashiach)

c - O Mundo Vindouro (Olam Habá).

O primeiro é o mundo que atualmente vivemos, alheio ao conhecimento e temor de D-us, repleto de violências, injustiças e guerras. Breve, entraremos na era messiânica, que é esse mesmo mundo nosso, porém com a manifestação do poder de Hashem, não havendo a corrupção dos homens, onde haverá acontecimentos e realizações que elevará a raça humana ao pico de seu potencial natural. Mas ainda a morte continuará existindo, como um fenômeno natural do fim do físico (ex. Is. 65:20), contudo a era messiânica será uma preparação para o Olam Habá (Mundo Vindouro), onde nessa transição haverá a ressurreição dos mortos, sendo que os justos viverão e estarão no Mundo Vindouro, um mundo conforme o propósito inicial de D-us (lembrar Gan Edem (jardim do Édem)) (veja Isaias 26:19; Dn. 12:2).

III. ALEGAÇÕES CRISTÃS

O fato do não cumprimento das realizações messiânicas por parte de Jesus forçou o cristianismo na criação da teologia da "2º vinda", onde supostamente realizaria o que não fez. Para um leigo, talvez possa até parecer "razoável", porém para o judeu devoto isso é totalmente contrário ao que ensina a Bíblia Hebraica. Diz o cristianismo que na "1º vinda" ele veio para cumprir várias profecias referentes a "salvação", sendo que foi um "cordeiro" – um sacrifício humano para o perdão dos pecados e que na "2º vinda" viria como "rei" e cumpriria o restante das profecias. Com isso apologistas e missionários cristãos, com intuito de levar o "Jesus" para os judeus torcem os textos sagrados conforme possam adaptá-los aos seus dogmas e para "reforçar" seus argumentos sutilosos buscam "informações" das palavras dos Rabinos e dos Sábios, bem como da literatura judaica, para manipularem, tirando do contexto e da análise de interpretação judaica, a qual foram escritos, afirmando com isso que os rabinos de antigamente acreditavam conforme o cristianismo e que os líderes do judaísmo "mudaram" a interpretação das Escrituras para que nenhum judeu se convertesse a Jesus. Essa tática missionária de utilizar o próprio judaísmo (claro, distorcido) tem feito grandes destruições nas mentes do nosso povo.

A – Supostas "Profecias Messiânicas"

A principal estratégia de evangelização utilizada pelos missionários e cristãos fundamentalistas são as chamadas "profecias messiânicas", onde passagens do Tanach são "manipuladas" para que supostamente apontem para o Jesus deles, inclusive alguns "messiânicos" buscam distorcer palavras dos rabinos e da literatura judaica para conseguirem seus objetivos. A utilização do NT para "confirmar" o "Velho Testamento" é tão gritante que claramente transparece a intenção dos seus autores.

B – Desmascarando as "Provas Textuais" (Jews for Judaism)

Enquanto passeava por uma floresta, uma pessoa notou um círculo marcado em uma árvore com uma flecha perfeitamente cravada no seu centro. Metros adiante notaram que havia várias árvores com círculos e flechas bem no centro. Mais tarde encontrou um hábil arqueiro e perguntou a ele: "Como se tornou um perito tão grande a ponto de acertar sempre no centro do alvo?" "Não é nada difícil", respondeu o arqueiro, "Primeiro atiro a flecha e depois desenho o círculo em volta dela para que esteja bem no centro". Quando examinamos as "provas textuais" que afirmam ser Jesus o Messias prometido, temos sempre de formular a seguinte questão: "Foi uma flecha que foi atirada dentro de um círculo ou foi um círculo que foi desenhado em volta da flecha?" Em outras palavras, terá esta passagem sida mal traduzida, mal interpretada, mal citada, tirada fora de contexto ou fabricada? Há muitos exemplos das falácias do NT, mas vejam, algumas das muitas maneiras como os missionários "desenham círculos em volta da flecha" para poder provar seu ponto de vista.

1. O versículo foi fabricado e não existe nas Escrituras Hebraicas

A profecia mais fácil de cumprir é aquela que você mesmo inventou. O Novo Testamento é uma grande testemunha deste princípio, fabricando inúmeras"profecias" vazias de conteúdo mas que foram atribuídas às Escrituras Hebraicas.O Novo Testamento, em Mateus, afirma que Jesus era o Messias porque ele viveu na cidade de Nazareth. Veja a "prova textual" utilizada para provar este ponto de vista: "Ele (Jesus) chegou e residiu numa cidade chamada Nazareth, para que o que foi dito pelos profetas pudesse ser cumprido. Ele foi então chamado de O Nazareno" (Mateus 2:23). Como Nazareno é alguém que reside na cidade de Nazareth e esta cidade não existia no tempo da Bíblia Judaica, é impossível encontrar esta citação nos textos hebraicos. Daí que é uma prova fabricada e vazia sem realidade. Um missionário eficiente procurará sempre trabalhar com traduções de segunda fonte e do grego antigo, evitando sempre que possível topar com o original hebraico.

2. O versículo foi mal traduzido

Em Romanos 11:26, a Bíblia Cristã cita Isaías 59:20 dizendo: "O libertador virá de Zion e removerá o paganismo de Jacob", desta maneira providenciando o suporte textual para a crença cristã que o Messias removerá os nossos pecados. Entretanto, um exame cuidadoso do original em hebraico revela um profundo dilema. Isaías 59:20 na verdade diz exatamente o contrário: "Um redentor irá até Zion e para aqueles que abandonarem as transgressões de Jacob, assim disse o Senhor". O papel do Messias não é remover os nossos pecados, ao invés disso, quando nós tivermos abandonado nossos pecados, então o Messias virá! O mais estranho é que muitos Novos Testamentos traduzem Isaías corretamente e o citam incorretamente em Romanos.

3. Passagem mal traduzida e lida fora do contexto

Na tentativa de provar o conceito do "nascimento de uma virgem", Mateus 1:22-23 afirma: " Agora tudo isto foi feito para que seja cumprido o que foi dito pelo Senhor pelos seus profetas, dizendo, 'Eis que uma virgem terá uma criança e eles o chamarão pelo nome de Emanuel', cuja tradução quer dizer, D-us está conosco ".Os missionários dizem ser o cumprimento de uma profecia de Isaías 7:14, que na verdade diz que:

"Eis que a jovem mulher terá uma criança e ela o chamará pelo seu nome Emanuel". Podemos apontar inúmeras incongruências na tradução cristã. Por exemplo:

1) a palavra Hebraica "almah", significa uma mulher jovem e não uma virgem, fato já reconhecido pelos estudiosos da Bíblia;

2) O versículo diz "ha'almah", "a mulher jovem" e não uma mulher jovem, especificando que havia uma mulher em particular que era conhecida por Isaías durante o período em que vivia, e

3) o versículo diz "ela o chamará de Emanuel ", e não eles o chamarão.

Alguns missionários argumentam que numa tradução antiga da Bíblia chamada "Septuaginta", 70 grandes rabinos traduziram a palavra "almah", em Isaías 7:14 para "parthenos" e que esta palavra quer dizer virgem em grego. Esta afirmação é falsa por várias razões:

1) Os 70 rabinos não traduziram o livro de Isaías, mas apenas o "Pentateuco", os cinco livros de Moisés. Na verdade, a introdução da tradução da Septuaguinta para o Inglês começa assim: " O Pentateuco parece ser o texto melhor executado enquanto que Isaías é o pior traduzido".

2) Em Gênesis 34:2-3 a palavra "parthenos" é usada como referência à não-virgens, a uma mulher jovem que tenha sido estuprada.

3) A Septuaguinta não é citada pelos missionários a partir do original mas a partir de uma versão deturpada.

Mesmo apesar destas discrepâncias, se lermos todo o capítulo 7 de Isaías de onde esta passagem foi tirada, fica óbvio que os cristãos tiraram este versículo fora de seu contexto. Este capítulo fala sobre a profecia feita para o rei judeu Achaz para amenizar o seu temor da invasão de dois reis (de Damasco e da Samaria) que se preparavam para invadir Jerusalém, cerca de 700 anos antes de Jesus.

O ponto de vista de Isaías era de que este evento aconteceria num futuro breve (e não dentro de 700 anos, como quer o Cristianismo). O versículo 16 clarifica o fato abundantemente: " Porque antes do menino saber o suficiente para discernir entre o bem e o mal, a terra dos reis que o apavoram cairá em abandono".

De fato, neste mesmo capítulo, a profecia se cumpre com o nascimento de um filho para Isaías. Como é citado em Isaías 8:4, "Porque antes do menino aprender a chamar "meu pai e minha mãe", as riquezas de Damasco e os espólios de Samaria deverão ser levados até o rei da Assíria ". Este versículo põe por terra qualquer conexão com Jesus que teria nascido 700 anos depois. Não tem nada de "profecia messiânica!"

4. Caso lido no contexto, o versículo não tem nada a ver com Jesus.

Em Hebreus 1:5, o Novo Testamento cita o versículo de Samuel II, 7:14, " Eu serei um pai para ele e ele será um filho para mim ". Esta referência é tida como concernente a Jesus como o filho de D-us. No entanto, se lermos este verso em Samuel II na sua totalidade, o versículo não termina com a frase citada no Novo Testamento, mas continua: " Quando ele cometer iniquidade, corrigi-lo-ei com a vara do homem". Isto simplesmente não coaduna com a idéia cristã de um Jesus "sem pecado". Mais ainda, este versículo fala especificamente do rei Salomão, como é óbvio em Crônicas 22:9-10, "O seu nome será Salomão... ele construirá uma casa em Meu nome e eu serei como um Pai para ele e ele será como um filho para Mim".A Bíblia freqüentemente se refere a indivíduos como "filhos" de D-us. De fato, D-us se refere a toda a nação de Israel da seguinte maneira: "Israel, Meu filho e Meu primogênito" (Êxodo 4:22).

Estes exemplos demonstram a confusão criada quando os missionários atiram a flecha e depois pintam o círculo em volta dela. Nosso conselho é sempre tomar o tempo necessário para examinar e ler as passagens cuidadosamente. Se você seguir este conselho, a interpretação correta será evidentemente clara.

IV. CONCLUSÃO

Esse breve artigo não teve por objetivo "convencer" o publico cristão, nem apresentar a "contra-resposta" aos argumentos missionários (isso seria assunto para outro estudo), mas sim alertar nossos irmãos judeus quanto a essas investidas proselitistas que destroem a fé judaica e clarear sobre o conceito judaico do Melech Mashiach. De acordo com as exigências declaradas na Bíblia hebraica, e como testemunha o registro histórico, o Messias Judeu ainda não se manifestou. O Cristianismo proclamou Jesus como Messias e D-us, e o Novo Testamento como sendo a "evidência" do cumprimento das "profecias messiânicas" do "Velho Testamento". Os missionários cristãos tentam impressionar as pessoas judias com suas abordagens e utilização distorcida das Escrituras Judaicas e também do próprio judaísmo. Por isso é importante que cada um de nós estejamos atentos a essas sutilezas, afirmando nossas convicções e nossa fé na Sagrada Torah, não nos desviando nem para a direita nem para a esquerda, mas permanecendo firmes Naquele que é o Redentor de Israel.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Por que os judeus não acreditam em Jesus?

Por Rabino Shraga Simmons*


Por séculos os judeus foram perseguidos por sua fé e prática religiosa. Muitos tentaram impor suas idéias e aniquilar o judaísmo. Nem as cruzadas, nem a inquisição implacável, nem os pogroms conseguiram manipular nossas almas cumprindo seu intento.

O judaísmo mantém sua chama sempre viva.

A história comprova: os judeus continuam rejeitando o Cristianismo. Por quê?

Porque somos simplesmente judeus, nascemos e vivemos o judaísmo e temos nossas próprias convicções.

Mas quando judeus são seguidamente questionados sobre esta questão e não-judeus frequentemente perguntam: “Por que os judeus não acreditam em Jesus?” Preparamos alguns argumentos com o objetivo, não de depreciar outras religiões, pois respeitamos a todos e por esta razão não fazemos proselitismo, mas sim apenas para esclarecer a posição judaica.


1. Jesus não preencheu as profecias messiânicas

O que o Messias deveria atingir? A Torá diz que ele:

a - Construirá o terceiro Templo Sagrado (Yechezkel 37:26-2)

b - Levará todos os judeus de volta à Terra de Israel (Yeshayáhu 43:5-6).

c - Introduzirá uma era de paz mundial, e terminará com o ódio, opressão, sofrimento e doenças. Como está escrito: “Nação não erguerá a espada contra nação, nem o homem aprenderá a guerra.” (Yeshayáhu 2:4).

d - Divulgará o conhecimento universal sobre o D’us de Israel - unificando toda a raça humana como uma só. Como está escrito: “D’us reinará sobre todo o mundo - naquele dia, D’us será Um e seu nome será Um” (Zecharyá 14:9).

O fato histórico é que Jesus não preencheu nenhuma destas profecias messiânicas.


2. O cristianismo contradiz a teologia judaíca

a - D’us em três?

A idéia cristã da trindade quebra D’us em três seres separados: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mateus 28:19).

Compare isto com o Shemá, a base da crença judaica: “Ouve, ó Israel, o Eterno nosso D’us, o Senhor é UM” (Devarim 6:4). Os judeus declaram a unicidade de D’us todos os dias, escrevendo-a sobre os batentes das portas (Mezuzá), e atando-a à mão e cabeça (Tefilin). Esta declaração da unicidade de D’us são as primeiras palavras que uma criança judia aprende a falar, e as últimas palavras pronunciadas antes de morrer.

Na Lei Judaica, adorar um deus em três partes é considerado idolatria - um dos três pecados cardeais, que o judeu prefere desistir da vida a transgredir. Isto explica porque durante as Inquisições e através da História, os judeus desistiram da vida para não se converterem.


b - Um homem como deus?

Os cristãos acreditam que D’us veio à terra em forma humana, como disse Jesus: “Eu e o Pai somos um” (João 10:30).

Maimônides devota a maior parte do “Guia para os perplexos” a idéia fundamental que D’us é incorpóreo, significando que Ele não assume forma física. D’us é eterno, acima do tempo. É infinito, além do espaço. Não pode nascer, e não pode morrer. Dizer que D’us assume forma humana torna D’us pequeno, diminuindo tanto Sua Unidade como Sua Divindade. Como diz a Torá: “D’us não é um mortal” (Bamidbar 23:19).

O Judaísmo diz que Messias nascerá de pais humanos, com atributos físicos normais, como qualquer outra pessoa. Não será um semi-deus, e não possuirá qualidades sobrenaturais. De fato, em cada geração vive um indivíduo com a capacidade de tornar-se o Messias. (veja Maimônides - Leis dos Reis 11:3).


c - Um intermediário para a oração?

É uma idéia básica na crença cristã que a prece deve ser dirigida através de um intermediário - i.e., confessando-se os pecados a um padre. O próprio Jesus é um intermediário, pois disse: “Nenhum homem chega ao Pai a não ser através de mim.”

No Judaísmo, a prece é assunto totalmente particular, entre cada pessoa e D’us. A Torá diz: “D’us está perto de todos que clamam por Ele” (Tehilim 145:18). Além disso, os Dez Mandamentos declaram: “Não terá outros deuses DIANTE DE MIM,” significando que é proibido colocar um mediador entre D’us e o homem. (veja Maimônides - Leis da Idolatria cap. 1).


d - Envolvimento no mundo físico

O Cristianismo freqüentemente trata o mundo físico como um mal a ser evitado. Maria, a mais sagrada mulher cristã, é retratada como uma virgem. Padres e freiras são celibatários. E os mosteiros estão em locais remotos e segregados.

Em contraste, o Judaísmo acredita que D’us criou o mundo físico não para nos frustrar, mas para nosso prazer. A espiritualidade judaica vem através do envolvimento no mundo físico de maneira tal que ascenda e eleve. O sexo no contexto apropriado é um dos atos mais sagrados que podemos realizar.

O Talmud diz que se uma pessoa tem a oportunidade de saborear uma nova fruta e recusa-se a fazê-lo, terá de prestar contas por isso no Mundo Vindouro. As escolas rabínicas ensinam como viver entre o alvoroço da atividade comercial. Os judeus não se afastam da vida, elevam-na.


3. Jesus não personifica as qualificações pessoais do Messias.


a - Messias como profeta

Jesus não foi um profeta. A profecia apenas pode existir em Israel quando a terra for habitada por uma maioridade de judeus. Durante o tempo de Ezra (cerca de 300 AEC), a maioria dos judeus recusou-se a mudar da Babilônia para Israel, e assim a profecia terminou com a morte dos três últimos profetas - Chagai, Zecharyá e Malachi.

Jesus apareceu em cena aproximadamente 350 anos após a profecia ter terminado.


b - Descendente de David

O Messias deve ser descendente do Rei David pelo lado paterno (veja Bereshit 49:10 e Yeshayáhu 11:1). Segundo a reivindicação cristã que Jesus era filho de uma virgem, não tinha pai - e dessa maneira não poderia ter cumprido o requerimento messiânico de ser descendente do Rei David pelo lado paterno!


c - Observância da Torá

O Messias levará o povo judeu à completa observância da Torá. A Torá declara que todas as mitsvot permanecem para sempre, e quem quer que altere a Torá é imediatamente identificado como um falso profeta. (Devarim 13:1-4).

No decorrer de todo o Novo Testamento, Jesus contradiz a Torá e declara que seus mandamentos não se aplicam mais. (veja João 1:45 e 9:16, Atos 3:22 e 7:37).


4. Versículos bíblicos “referindo-se” a Jesus são tradições incorretas

Os versículos bíblicos apenas podem ser entendidos estudando-se o texto original em hebraico - que revela muitas discrepâncias na tradução cristã.


a - Nascimento virgem

A idéia cristã de um nascimento virgem é extraído de um versículo em Yeshayáhu descrevendo uma “alma” que dá à luz. A palavra “alma” sempre significou uma mulher jovem, mas os teólogos cristãos séculos mais tarde traduziram-na como “virgem”. Isto relaciona o nascimento de Jesus com a idéia pagã do primeiro século, de mortais sendo impregnados por deuses.


b - Crucifixão

O versículo em Tehilim 22:17 afirma: “Como um leão, eles estão em minhas mãos e pés.” A palavra hebraica ka’ari (como um leão) é gramaticalmente semelhante à palavra “ferir muito”. Dessa maneira o Cristianismo lê o versículo como uma referência à crucifixão: “Eles furaram minhas mãos e pés.”


c - Servo sofredor

Os cristãos afirmam que Yeshayáhu (Isaías) 53 refere-se a Jesus. Na verdade, Yeshayáhu 53 segue diretamente o tema do capítulo 52, descrevendo o exílio e a redenção do povo judeu. As profecias são escritas na forma singular porque os judeus (Israel) são considerados como sendo uma unidade. A Torá está repleta de exemplos de referências à nação judaica com um pronome singular.

Ironicamente, as profecias de perseguição de Yeshayáhu referem-se em parte ao século 11, quando os judeus foram torturados e mortos pelas Cruzadas, que agiram em nome de Jesus.

De onde provêm estas traduções erradas? S. Gregório, Bispo de Nanianzus no século IV, escreveu: “Um certo jargão é necessário para se impor ao povo. Quantos menos compreenderem, mais admirarão.”


5. A crença judaica é baseada na revelação nacional

Das 15.000 religiões na História Humana, apenas o Judaísmo baseia sua crença na revelação nacional - i.e., D’us falando a toda a nação. Se D’us está para iniciar uma religião, faz sentido que Ele falará a todos, não apenas a uma pessoa.

O Judaísmo, é a única entre todas as grandes religiões do mundo que não confia em “reivindicações de milagres” como base para estabelecer uma religião. De fato, a Torá afirma que D’us às vezes concede o poder de “milagres” a charlatães, para testar a lealdade judaica à Torá (Devarim 13:4).

Maimônides declara (Fundações da Torá, cap. 8):

“Os Judeus não creram em Moshê (Moisés), nosso mestre, por causa dos milagres que realizou. Sempre que a crença de alguém baseia-se na contemplação de milagres, tem dúvidas remanescentes, porque é possível que os milagres tenham sido realizados através de mágica ou feitiçaria. Todos os milagres realizados por Moshê no deserto aconteceram porque eram necessários, e não como prova de sua profecia.

“Qual era então a base da crença judaica? A revelação no Monte Sinai, que vimos com nossos próprios olhos e ouvimos com nossos ouvidos, não dependendo do testemunho de outros… como está escrito: ‘Face a face, D’us falou com vocês…’ A Torá também declara: ‘D’us não fez esta aliança com nossos pais, mas conosco - que hoje estamos todos aqui, vivos.’ (Devarim 5:3).”

O Judaísmo não são os milagres. É o testemunho da experiência pessoal de todo homem, mulher e criança.


*Rabino Shraga Simmons passou sua infância em Buffalo, Nova York. Trabalhou nos campos do jornalismo e relações públicas, e recebeu sua ordenação rabínica do Rabino Chefe de Jerusalém. Ele é o editor do site Aish.com, e vive com sua esposa e filhos na região de Modi’in, em Israel . É especialista em judaísmo ortodoxo.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Conversão Fraudulenta de Pastor Messiânico

Muita gente já ouviu falar do pastor messiânico Davi André Farias de Meneses, líder da Associação Amigos da Torá em Campina Grande, Paraíba.
Pois fiquei sabendo por diversas fontes que este cidadão foi aos Estados Unidos onde participou de uma conversão relâmpago, onde supostamente enganou rabinos se passando por um "prosélito verdadeiro", embora nunca tenha abandonado suas crenças cristãs no Novo Testamento e seus mitos.
O Pr. Davi Meneses, desde que botou fachada de sinagoga em sua igreja, defendia abertamente o "judaísmo messiânico", que é um movimento cristão que adota práticas e símbolos judaicos afim de enganar marranos e judeus incautos para que reconheçam "jesus/yeshu" como messias. Mas o golpe passou a ser muito manjado, as pessoas esclarecidas já sabem que "judaísmo messiânico" não existe. Então sua congregação, que era conhecida como "comunidade judaico messiânica Beit Teshuvá", de uma hora pra outra retirou ardilosamente o termo 'messiânico', para dar uma falsa aparência de judaísmo e continuar enganando. Da mesma forma o seu site e programa de rádio, onde se difundia o "judaísmo messiânico", foram retirados do ar.
Ele agora se define como 'ex-messiânico' mas sua congregação só mudou de nome, pois continua messigélica do mesmo jeito, rezando em nome de "Yeshu HaMashixe" e tudo mais.
O fato é que o Pr. André Davi Meneses, que agora se intitula "Davi ben Avraham", procedeu uma conversão fraudulenta. Mentiu, ou no mínimo omitiu dos rabinos suas verdadeiras intenções, assim como sua crença em Yeshu e acabou comprando certificados de conversão para si e para outros, seis ao todo, 'contemplando' pessoas que sequer estiveram presentes ao suposto beit din. Eu tenho testemunhas que afirmam que ele tentou revender estes papeis para membros de sua congregação. Não sei se o tal beit din que procedeu sua conversão é falso ou o seu rabino é completamente ingênuo, pois rabinos de verdade não vendem documentos de conversão, muito menos no 'atacado' como foi feito. Só sei, através de testemunhas, que o esquema rolou dinheiro, só não sei quem embolsou a grana!
Tudo indica que esta conversão foi inspirada e orientada por outros messiânicos, seguidores da associação missionária norte-americana "Jews for Jesus" que procederam da mesma forma. A ideia deles é formar uma massa crítica de 'judeus' crentes em Jesus para forçar a comunidade judaica a reconhecê-los como um autêntico ramo do judaísmo.
Fica aqui registrado a denúncia na esperança que as autoridades judaicas tomem conhecimento desses fatos e as devidas providências.
Acrescento que não conheço o Pr. André Davi Meneses e não tenho nada pessoal contra ele, a não ser por sua obsessão em querer usurpar o judaísmo, sendo ele um cristão messiânico, pastor evangélico, pois 'judaísmo messiânico' definitivamente não existe!
Joaquim Neto
Campina Grande - PB

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Liberdade após 500 anos de escravidão

Não se trata da libertação da escravatura dos negros no Brasil. Essa já aconteceu a mais de 100 anos. Falo da escravidão religiosa, quando os judeus da Espanha e Portugal tiveram sua liberdade cassada, sua religião proibida e foram forçados a se converter ao cristianismo. A escravidão ideológica a que fomos submetidos.
A cerca de 500 anos, D. Manuel I, rei de Portugal, pressionado pela Espanha concorda em expulsar os judeus da Península Ibérica. Mas os judeus detinham parte importante do poder econômico, e expulsa-los causaria uma crise sem precedentes. Por isso o rei proíbe os judeus de sair e obriga-os a converter-se ao cristianismo com um decreto outorgado em 31 de Março de 1496. Só que muitos continuaram a praticar o judaísmo secretamente, estes foram os criptojudeus.
Até que em 6 de Julho de 1547 o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição se instala oficialmente em Portugal.
Já havia a prática de deportar criminosos para o Brasil, e com a introdução da Inquisição, os judeus passaram a ser tratados da mesma forma. Grande parte dos judeus condenados pela Inquisição veio para o Nordeste do Brasil, principalmente nos séculos XVII e XVIII.
Isolados no semi-árido nordestino, enfrentando a fome e a seca, muitos em condição de vida miserável, assim nossos antepassados perderam sua identidade religiosa. As práticas e os costumes judaicos foram sufocados ao longo do tempo e nos tornamos escravos do cristianismo. Restou-nos uma tênue lembrança, a única coisa que nossos avós conseguiram guardar e nos passar como herança: A informação que somos descendentes de judeus, filhos de Israel.
O Brasil Império torna-se uma República quase ao mesmo tempo em que os judeus da Europa fundam o movimento sionista político. No dia 29 de agosto de 1897 é realizado o primeiro congresso sionista desde a diáspora. Fugindo do anti-semitismo, judeus europeus se refugiam no Brasil e fundam a Congregação Israelita Paulista (CIP), em 1936. Em Maio de 1948 é estabelecido o moderno estado de Israel. Mas tudo isso era uma realidade muito distante de nós, que ficamos aqui, ainda esquecidos sob a escuridão da idolatria e das mentiras do cristianismo.
Enfim o Brasil se torna um país democrático, com a liberdade religiosa garantida pela constituição. Mas por falta de informação continuamos escravos da fé cristã. Nossas Bíblias não passavam de uma versão adulterada e mal traduzida da Tanach, atarraxada ao infame Novo Testamento.
Mas a luz da Torah finalmente chegou até nós em forma de bits e bytes, informação digital circulando via internet. Centenas de sites judaicos foram criados em vários idiomas onde os sábios rabinos publicam seus artigos, pensamentos e ensinamentos da Torah. A internet não reconhece fronteiras; mas seus caminhos ocultam perigosas armadilhas. Falsos judeus, sob a alcunha de "judeus messiânicos" pregam abertamente antigas mentiras do cristianismo. Mas basta dar ouvidos aos verdadeiros judeus que toda mentira é dissipada. Basta ter coragem sair da escuridão e vir para luz da verdade, a verdade da Torah. Mas não dá pra ser judeu apenas de internet. Precisamos experimentar na prática e viver intensamente tudo que foi roubado de nossos antepassados nesses 500 anos de trevas. A boa notícia é que o Shavei Israel chegou até nós para nos resgatar. Já temos um rabino aqui, nesse nordeste outrora esquecido. Com isso as portas estão abertas e possibilidades são infinitas. Já não somos mais escravos!
A noite foi longa, mas eis que o sol brilha no horizonte!

quinta-feira, 5 de junho de 2008



    Descendentes de judeus

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    Gente das Nações





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GENEOLOGIA JUDAICO-BRASILEIRA

Sobrenomes usados por cristãos novos processados pela Inquisição


O que toda essa história tem a ver com você? Estima-se que cerca de um décimo (1/10), da população brasileira seja de descendentes de judeus cristãos-novos - alguns historiadores afirmam que na verdade essa proporção é de 35%. Isso equivale, na menor das estimativas, a 17 milhões de pessoas. Segue-se uma lista retirada do livro "As raízes judaicas no Brasil", de Flávio Mendes de Carvalho, com os sobrenomes de cristãos-novos, brasileiros ou residentes no Brasil, condenados pela Inquisição nos séc. XVII e XVIII e que constam nos arquivos da Torre do Tombo em Lisboa. A sua família pode estar citada aqui! É bom lembrar que os judeus, por ocasião da conversão forçada e para esconder suas raízes e evitar a perseguição, adotaram muitos sobrenomes de cristãos-velhos. Assim o fato de um sobrenome estar na lista não nos garante dizer que todas as pessoas que o carregam são descendentes dos cristãos-novos. Por outro lado, o fato de outro sobrenome não estar, não quer dizer que não seja de origem judaica, posto que a pesquisa de Flávio Mendes não abrangeu todo o período de atuação da Inquisição e ainda que muitas famílias conseguiram manter-se em segredo. Na obra do historiador, também descendente de cristãos-novos, constam os nomes e na maioria das vezes a naturalidade, o parentesco e residência dos judaizantes - termo como eram chamados os conversos descobertos praticando o judaísmo. Há vários casos em que muitos dos membros de uma mesma família foram condenados e torturados para delatar a sua própria gente.

    Se o seu sobrenome estiver entre os da lista abaixo, ou se você tiver qualquer dúvida, escreva-nos um e-mail!

Nota sobre os nomes de árvore como sobrenome judaico

Corre pelo Brasil uma certa crença de que todos os sobrenomes com nomes de planta e de animais são sobrenomes de cristãos-novos. Isso é um mito porque muitos desses nomes são bastante antigos e usados igualmente por famílias cristãs-velhas. Ainda há, como pode ser visto na lista, diversos outros tipos de sobrenomes também adotados pelas famílias de conversos, como os de origem geográfica (p. ex. Toledo, Évora), os de alcunha (p. ex. Moreno, Bueno), os de profissões (p. ex. Ferreira), os derivados de nomes de pessoas (p. ex. Henriques, Fernandes), entre outros.

A

Abreu Abrunhosa Affonseca Affonso Aguiar Ayres Alam Alberto
Albuquerque Alfaro Almeida Alonso Alvade Alvarado Alvarenga Álvares/Alvarez Alvelos Alveres Alves Alvim Alvorada Alvres Amado Amaral Andrada Andrade Anta Antonio Antunes Araujo Arrabaca Arroyo Arroja Aspalhão Assumção Athayde Ávila Avis Azeda Azeitado Azeredo Azevedo

B

Bacelar Balão Balboa Balieyro Baltiero Bandes Baptista Barata Barbalha Barboza /Barbosa Bareda Barrajas Barreira Baretta Baretto Barros Bastos Bautista Beirão Belinque Belmonte Bello Bentes Bernal Bernardes Bezzera Bicudo Bispo Bivar Boccoro Boned Bonsucesso Borges Borralho Botelho Bragança Brandão Bravo Brites Brito Brum Bueno Bulhão


C

Cabaco Cabral Cabreira Cáceres Caetano Calassa Caldas Caldeira Caldeyrão Callado Camacho Câmara Camejo Caminha Campo Campos Candeas Capote Cárceres Cardozo/Cardoso Carlos Carneiro Carranca Carnide Carreira Carrilho Carrollo Carvalho Casado Casqueiro Cásseres Castenheda Castanho Castelo Castelo Branco Castelhano Castilho Castro Cazado Cazales Ceya Céspedes Chacla Chacon Chaves Chito Cid Cobilhos Coche Coelho Collaço Contreiras Cordeiro Corgenaga Coronel Correa Cortez Corujo Costa Coutinho Couto Covilhã Crasto Cruz Cunha

D

Damas Daniel Datto Delgado Devet Diamante Dias Diniz Dionisio Dique Doria Dorta Dourado Drago Duarte Duraes

E

Eliate Escobar Espadilha Espinhosa Espinoza Esteves Évora

F

Faísca Falcão Faria Farinha Faro Farto Fatexa Febos Feijão Feijó Fernandes Ferrão Ferraz Ferreira Ferro Fialho Fidalgo Figueira Figueiredo Figueiro Figueiroa Flores Fogaça Fonseca Fontes Forro Fraga Fragozo Franca Francês Francisco Franco Freire Freitas Froes/Frois Furtado


G

Gabriel Gago Galante Galego Galeno Gallo Galvão Gama Gamboa Gancoso Ganso Garcia Gasto Gavilão Gil Godinho Godins Goes Gomes Gonçalves Gouvea Gracia Gradis Gramacho Guadalupe Guedes Gueybara Gueiros Guerra Guerreiro Gusmão Guterres

H/I

Henriques Homem Idanha Iscol Isidro Jordão Jorge Jubim Julião


L

Lafaia Lago Laguna Lamy Lara Lassa Leal Leão Ledesma Leitão Leite Lemos Lima Liz Lobo Lopes Loucão Loureiro Lourenço Louzada Lucena Luiz Luna Luzarte


M

Macedo Machado Machuca Madeira Madureira Magalhães Maia Maioral Maj Maldonado Malheiro Manem Manganes Manhanas Manoel Manzona Marçal Marques Martins Mascarenhas Mattos Matoso Medalha Medeiros Medina Melão Mello Mendanha Mendes Mendonça Menezes Mesquita Mezas Milão Miles Miranda Moeda Mogadouro Mogo Molina Monforte Monguinho Moniz Monsanto Montearroyo Monteiro Montes Montezinhos Moraes Morales Morão Morato Moreas Moreira Moreno Motta Moura Mouzinho Munhoz


N

Nabo Nagera Navarro Negrão Neves Nicolao Nobre Nogueira Noronha Novaes Nunes


O

Oliva Olivares Oliveira Oróbio


P

Pacham/Pachão/Paixão Pacheco Paes Paiva Palancho Palhano Pantoja Pardo Paredes Parra Páscoa Passos Paz Pedrozo Pegado Peinado Penalvo Penha Penso Penteado Peralta Perdigão Pereira Peres Pessoa Pestana Picanço Pilar Pimentel Pina Pineda Pinhão Pinheiro Pinto Pires Pisco Pissarro Piteyra Pizarro Pombeiro Ponte Porto Pouzado Prado Preto Proença


Q

Quadros Quaresma Queiroz Quental


R

Rabelo Rabocha Raphael Ramalho Ramires Ramos Rangel Raposo Rasquete Rebello Rego Reis Rezende Ribeiro Rios Robles Rocha Rodriguez Roldão Romão Romeiro Rosário Rosa Rosas Rozado Ruivo Ruiz


S

Sa Salvador Samora Sampaio Samuda Sanches Sandoval Santarém Santiago Santos Saraiva Sarilho Saro Sarzedas Seixas Sena Semedo Sequeira Seralvo Serpa Serqueira Serra Serrano Serrão Serveira Silva Silveira Simão Simões Soares Siqueira Sodenha Sodré Soeyro Sueyro Soeiro Sola Solis Sondo Soutto Souza

T/U

Tagarro Tareu Tavares Taveira Teixeira Telles Thomas Toloza Torres Torrones Tota Tourinho Tovar Trigillos Trigueiros Trindade Uchôa


V/X/Z

Valladolid Vale Valle Valença Valente Vareda Vargas Vasconcellos Vasques Vaz Veiga Veyga Velasco Velez Vellez Velho Veloso Vergueiro Viana Vicente Viegas Vieyra Viera Vigo Vilhalva Vilhegas Vilhena Villa Villalão Villa-Lobos Villanova Villar Villa Real Villella Vilela Vizeu Xavier Ximinez Zuriaga


Listagem de cristãos-novos residentes nas Minas Gerais, entre 1712 e 1763 (retirada do livro “A Inquisição em Minas Gerais no Século XVIII”, de Neusa Fernandes):

Em Brumado: Agostinho José de Azevedo.

Em Cachoeira: Agostinho Pereira da Cunha, Ana do Vale, Antônio da Silva Pereira, Antônio Fernandes de Mattos, Antônio Rodrigues Campos, Baltazar de Godoi Moreira, Gregório da Silva Henriques, João Rodrigues Viana, Leonor Henriques, Manoel Nunes Sanches, Manoel Nunes Viana, Miguel da Silva Pereira.

Em Caeté: Antônio Nunes Ribeiro, Campos Bicudo, Jerônimo Pedroso de Barros, João Nunes Ribeiro, Manoel da Fonseca.

Em Catas Altas: Francisco Ferreira Izidro, Francisco Pereira Chaves.

Em Congonhas do Campo: José da Silva de Moraes, José Rodrigues de Oliveira.

Em Córrego do Pau das Minas de Arasuahy: Antônio Pereira e Ávila, Antônio Fernandes Pereira.

Em Curralinho: Angela Roiz, Anna Roiz, Antonio de Castro, Antonio Rodrigues Gracio, Diogo de Paiva, Diogo Nunes, Diogo Nunes Henriques, Domingos Nunes Gracio, Domingos Roiz Ramires, Duarte Roiz, Elena Roiz, Francisco Fernandes Camacho, Francisco Nunes de Miranda, Jerônimo Rodrigues, João Lopes Álvares, João Nunes, João Nunes Ribeiro, José Aires Alves, Luiz Henriques, Manuel Dias, Manuel Nunes de Almeida, Manuel Nunes da Paz, Marcos Mendes, Miguel de Mendonça, Sebastião Nunes.

Em Diamantina (antigo Tijuco): Antônio de Sá, Antônio Rineiro Furtado, Diogo Dias Fernandes, Francisco Dias Correa, Francisco Roiz de Lima, João de Moraes, João Rodrigues, João Rodrigues de Mesquita, João Roiz, José Nunes, Manoel Leandro.

Em Fornos: José Rodrigues Cardoso.

Em Itaverava: Antônio de Sá Tinoco.

Em local não definido: Ana Roiz, André Mendes Correia, Anna do Valle, Antonio Azevedo Coutinho, Antonio Beltrão, Antonio Cardoso Porto, Antonio da Fonseca de Magalhães, Antonio da Silva, Antonio de Carvalho Oliveira, Antonio de Mello, Antonio de Mendonça, Antonio de Miranda, Antonio Dias Correia, Antonio Fernandes Matos, Antonio Ferreira Dourado, Antonio Ferreira Pacheco, Antonio Lopes, Antonio Nunes, Antonio Rodrigues, Antonio Rodrigues Gracio, Antonio Roiz, Antonio Roiz de Andrade, Antonio Roiz Gracia, Antonio do Valle, Baltazar Godoi Moreira, Damião Roiz Moeda, David Mendes, Diogo de Aguilar Pantoja, Diogo de Ávila Henriques, Diogo Lopes de Simões, Diogo Lopes Simões, Diogo Mendes, Diogo Roiz, Diogo Roiz Ferreira, Diogo Roiz Leão, Domingos da Costa, Domingos Rodrigues, Duarte Roiz Mendes, Elena do Vale, Eugenio da Costa, Felippe de Oliveira, Felippe Mendes, Felix Mendes Leite, Felix Nunes de Miranda, Francisca de Araújo, Francisco Correia, Francisco de Arruda Sá, Francisco dos Santos, Francisco Fernandes Camacho, Francisco Ferreira, Francisco Ferreira da Fonseca, Francisco Froes, Francisco Gabriel Francisca, Francisco Godoi Moreira, Gaspar Henriques, Guiomar da Rosa, Henriques Pereira, Izabel Palhana, Jacinto Mendes, Jerônimo Roiz, Joanna Maciel, João de Almeida Sá, João Gomes de Barros, João Lopes, João Lopes Alvarez, João Lopes Alves, João Lopes Xavier, João Mendes, João Moreira, João Nunes de Lara, João Nunes Ribeiro, João Roiz da Costa, João Roiz de Paiva, João Roiz Ferreira, João Roiz Nogueira, João Roldão, José de Matos, José Fernandes Camacho, José Rodrigues Bentim, José Rodrigues Cardoso, Joseph Cardoso, Joseph Carvalho de Chaves, Joseph Gonçalves, Joseph Ventura de Medanha, Leonor de Campos Currales, Lucas de Freitas Azevedo, Luiz do Couto, Luiz Miguel Correia, Luiz Nunes, Luiz Nunes de Miranda, Luiz Vaz, Luiz Vaz de Souza, Luíza Pereira, Manoel Cardoso, Manoel de Borba Gato, Manoel da Cunha Pessoa, Manoel Dias de Carvalho, Manoel Fernandes Araújo, Manoel Fernandes Henriques, Manoel Franco, Manoel Frois Moniz, Manoel Furtado, Manoel Lopes Pereira, Manoel Mendes da Cunha, Manoel Nunes Bernau, Manoel Nunes do Carmo, Manoel Nunes Viana, Manoel Nunes Sanchez, Manoel Rodrigues da Costa, Manoel Rodrigues Soares, Marcos Mendes Sanches, Maria de Jesus, Miguel Álvares, Miguel Álvares de Carvalho, Miguel Cardoso, Miguel da Silva Pereira, Miguel Nunes, Miguel Nunes de Miranda, Pais de Abreu, Pedro Mendes, Pedro Nunes de Miranda, Rendon, Ricardo Pereira, Rodrigo Álvares, Rodrigo Nunes, Salvador Roiz, Sebastião Nunes, Sebastião Nunes Alvarez, Simão Roiz, Thomaz Roiz do Vale.

Em Minas de Arassuahi: Antonio Fernandes Pereira, Antonio Pereira de Ávila, João da Costa e Silva, Joaquim da Silva Henriques.

Em Minas de São José: João Roiz, João Nunes Vizeu.

Em Minas Novas de Fanados: Alexandre de Lara, Duarte da Costa da Fonseca, Francisco Ferreira da Fonseca.

Em Minas Novas de Paracatu: Antonio Ribeiro Sanches, João Henriques, Miguel Nunes Sanches, Thomas Britto Ferreira.

Em Ouro Branco: Padre Manoel Lopes.

Em Ouro Fino: João Lopes Castelhano.

Em Ouro Preto (antiga Vila Rica): Alexandre de Lara, Antonio Fernandes Dias, Antonio Fernandes Pereira, David da Silva, David de Miranda, Diogo, Diogo Correia do Vale, Diogo da Costa, Diogo Dias Correia, Diogo Henriques, Diogo Nunes, Diogo Nunes Henriques, Domingos Nunes, Domingos Rodrigues Ramirez, Fernão Gomes, Fernando Gomes Nunes, Francisco Fróes, Francisco José de Souza, Francisco Nunes de Miranda, Francisco Roiz Moeda, Francisco Roiz Pueira, Gaspar da Costa, Gaspar Dias, Gaspar Fernandes Pereira, Helena do Valle, Henrique Fróes ou Henrique Fróes Moniz, Ignácio de Almeida Lara, Inácio dos Santos Bicudo, Jerônimo Rodrigues, João de Mattos, João Lopes Castelhano, João Rodrigues de Moraes, João Roiz de Mesquita, José da Cruz (também Joseph Nunes),José da Cruz Canegado, José de Carvalho, José de Carvalho e Almeida, José de Matos, Joseph da Cruz, Joseph Ferreira, Joseph Rodrigues, Luis Fróes, Luis Miguel, Luis Miguel Correia, Manoel da Costa Espadrilha, Manoel da Costa Ribeiro, Manoel de Albuquerque, Manoel de Albuquerque e Aguilar, Manoel de Matos, Manoel de Mattos Dias, Manuel Dias, Manoel Dias de Carvalho, Manuel do Valle, Manuel Fróes, Manoel Gomes, Manoel Gomes de Carvalho, Manoel Gomes Neves, Manoel Gomes Nunes, Manuel Mendes, Manuel Nunes, Manuel Nunes da Paz, Manuel Nunes de Almeida, Manuel Nunes Sanches, Manoel Roiz Ribeiro, Marco Mendes, Maria Nunes, Miguel Nunes de Miranda, Os Ramirez, Padre Sebastião Roiz Benevides, Thomaz Rodrigues do Valle.

Em Paranapanema: Manoel Afonso, Miguel Joseph ou Joseph Miguel.

Em Pitangui: Antonio da Gamboa ou Antonio Pereira da Cunha, Antonio Rodrigues, Antonio Rodrigues Casado, Antonio Roiz Cardoso, Antonio Roiz Nogueira, Bernardo Campos Bicudo, Gaspar Henriques, João de Mattos, José Campos Bicudo, Michael da Cruz, Miguel da Silveira.

Em Ribeiro do Carmo (Mariana): Antonio de Almeida de Sá, Antonio de Sá, Antonio Ferreira Pacheco, Antonio José Gonçalves, Antonio José Ribeiro ou José Peixoto Sampaio, Antonio Lopes, Antonio Pacheco, Bento Ferraz, Daniel de Miranda, David de Miranda, Diogo Dias, Diogo Dias Fernandes, Diogo Fernandes, Diogo Fernandes Camacho, Diogo Ferreira Camacho, Diogo, Diogo Nunes Henriques, Diogo Roiz Fernandes, Diogo Roiz Sanches, Duarte Pereira, Feliciano da Fonseca, Fernando Gomes Nunes, Francisco da Fonseca, Francisco de Lucena Montarroio, Francisco Fernandes, Francisco Fernando Camacho, Francisco Ferreira, Francisco Ferreira Isidro, Francisco Nunes de Miranda, Francisco Pereira Chaves, Frutuoso Mendes, Henrique Froes, Ignácio Cardoso, João Antonio Roiz, João Carlos, João da Cruz de Miranda, João de Mattos Henriques, João de Moraes Montezinhos, João Lopes, Joao Nunes de Lara, João Ruiz de Mesquita, João Sanches Mayoral, José da Cruz, José da Cruz Henriques, José Henriques, José Miguel ou Miguel José, José Nunes, José Rodrigues Pinto, Joseph da Cruz, Joseph da Cruz Henriques, Joseph Nunes, Luis Mendes, Luiz Fróis, Luiz Henriques, Luiz Mendes de Sá, Luiz Vaz, Luiz Vaz de Oliveira, Manoel da Costa Espadrilha, Manoel de Mattos, Manoel Nunes, Manoel Nunes de Almeida, Manoel Pereira da Cunha, Maria de Miranda, Maria Henriques, Miguel da Cunha ou João Batista, Miguel Henriques, Violante Rodrigues Miranda.

Em Rio das Mortes: Agostinho José de Azevedo, Antonio do Vale, Antonio José de Azevedo, Antonio Machado Coelho, Antonio Pereira de Araújo, Bartolomeu Roiz, Bernardo Ferro, Diogo de Ávila, Francisco, Francisco Nunes de Miranda, Francisco Roiz, Garcia Rodrigues Paes, Izabel Bernar, João Nunes de Lara, João Nunes Vizeu, João Roiz, João Roiz da Costa, José Roiz de Oliveira, Luiz Antonio, Manoel Fróes de Lara, Manoel Furtado Oróbio, Marco Mendes, Marcos Mendes Sanches, Miguel Teles da Costa, Pedro Miranda, Sebastião Nunes Alves.

Em Sabará: Agostinho Joseph, Antonio Álvares Purga, Antonio da Silva, Antonio de Almeida Sá, Antonio Ferreira Pacheco, Antonio José Ribeiro ou José Peixoto Sampaio, Daniel de Miranda, David de Miranda, David Mendes da Silva, Diogo Dias, Diogo Dias Correia, Diogo Fernandes, Diogo Fernandes Camacho, Diogo Nunes Henriques, Diogo Roiz Sanches, Feliciano da Fonseca, Francisco de Lucena Montarroio, Francisco Ferreira, Francisco Ferreira Isidoro, Francisco Gomes Nunes, Frutuoso Mendes, Henrique Fróes, Ignácio Cardoso, João Antonio Roiz, João Carlos, João da Cruz, João da Cruz de Miranda, João de Matos, João de Matos Henriques, João Lopes, João Sanches Mayoral, José da Cruz, José da Cruz Henriques, José Henriques, José Miguel ou Miguel José, José Nunes, José Rodrigues Pinto, Joseph da Cruz, Joseph Nunes, Luiz Frois, Luiz Henriques, Luiz Mendes de Sá, Luiz Vaz, Manuel, Manuel da Costa Espadrilha, Manuel Nunes de Almeida, Miguel da Cunha, Miguel Henriques, Thomaz Brito Ferreira, Salvador da Costa.

Em São Caetano: Antonio Rodrigues.

Em São Jerônimo: Salvador Rodrigues de Faria.

Em Serro Frio: Antonio da Cunha, Antonio de Medanha Sotomaior, Antonio de Sá, Antonio de Sá de Almeida, Antonio Fernandes, Antonio Fernandes Pereira, Antonio Ribeiro Furtado, David Mendes, David Mendes da Silva, Diogo da Cunha, Feliciano da Fonseca, Fernando Gomes Nunes, Francisco da Costa Pereira, Francisco Fernandes Camacho, Francisco Ferreira, Gregório da Silva, Isabel de Moraes, João da Cunha, João Henriques, João Lopes de Mesquita, José Nunes, José Rodrigues, Luis, Luis Mendes de Sá, Manoel de Mello, Manoel de Moura Fogaça, Manoel Ferreira, Manoel Lopes Pereira, Manoel Pereira da Cunha, Manoel de Melo, Martinho da Cunha, Miguel da Cunha, Salvador Paes Barreto.

Em Sumidouro: Henrique de Fróis.